Indústria, Meio Ambiente e Legislação

A legislação ambiental pode ser definida como um conjunto de normas que têm por objetivo disciplinar as relações do homem com o meio em que vivem, visando a conservação da natureza e o combate à poluição na busca do desenvolvimento sustentável.

No Brasil, as leis relacionadas ao meio ambiente até os anos 60 enfocavam a proteção aos recursos naturais renováveis, sem considerar sua interdependência. Entretanto, a partir de
1973, as medidas de prevenção e controle da poluição industrial foram definidas.

A partir deste momento a legislação ambiental brasileira teve uma enorme expansão. Hoje, existem cerca de 30.000 títulos legais, entre leis, portarias, diretrizes, resoluções, normas, etc.

No que diz respeito às indústrias, com o passar dos anos, a consciência quanto à importância de se investir na área ambiental vem crescendo; entretanto, é importante o
conhecimento e consequentemente o atendimento aos requisitos legais aplicáveis ao negócio.

No Brasil, a mais importante lei ambiental criada é a Lei 6.938 (17/01/1981), denominada Política Nacional de Meio Ambiente, a qual define que o poluidor é obrigado a indenizar os
danos ambientais causados por ele ao meio ambiente e a terceiros, independentemente de culpa. Este é o conhecido princípio do poluidor pagador, o que determinou uma nova postura em relação ao meio ambiente, no sentido de introduzir a necessidade de conciliação entre o desenvolvimento econômico-social e a preservação do meio ambiente.

Considerando a Lei 6.938, para se construir, reformar, ampliar a capacidade de uma indústria, é necessário inicialmente que o Órgão Ambiental seja consultado a fim de avaliar
a necessidade ou não de um processo de licenciamento ambiental. O licenciamento é constituído pela licença prévia, licença de instalação e licença de operação ou funcionamento.

A Licença Prévia é solicitada no início do processo de Licenciamento Ambiental, na fase de planejamento do empreendimento, obra ou atividade industrial. Para tanto, um Estudo de
Impacto Ambiental e um Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) poderão vir a ocorrer. A exigência do EIA/RIMA é definida por meio da integração dos parâmetros: tipologia, porte e localização do empreendimento.

Para uma empresa operar é necessário a Licença de Operação ou Funcionamento, requerida após a obtenção da Licença Prévia e da Licença de Instalação e vem acompanhada da
documentação necessária. Será concedida se todo o procedimento anterior for aprovado.

É importante notar-se que os estados e municípios têm poder para estabelecer seus próprios parâmetros e padrões de qualidade ambiental; entretanto ressalta-se que tais parâmetros só terão validade, caso forem mais restritivos quando comparados aos padrões federais. Para tal, são apresentadas algumas das principais legislações ambientais federais e
estaduais no que diz respeito ao descarte de substâncias e seus respectivos parâmetros a serem seguidos (legislação atualizada até outubro/07):

 

Tema Origem Documento Assunto
Água Federal Lei 9.433/97, alterada pela Lei 9.984/00 – Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos.
– Condiciona a utilização de águas públicas à autorização do órgão competente.
Água Federal Resolução ANA 219/05 Dispõe sobre a análise técnica para emissão de outorga de direito de uso de recursos hídricos para fins de lançamen-to de efluentes em cursos d’água de domínio da União.
Água Federal Resolução CONAMA 357/05 Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e sobre o seu enquadramento/ Estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes em corpos de água/ Revoga a Resolução CONAMA 20/86.
Água Estadual – Minas Gerais Deliberação Normativa COPAM 10/86 Estabelece normas de classe e qualidade de cursos d’água e de efluentes.
Proíbe o lançamento de efluentes em desacordo com os padrões estabelecidos.
Água Estadual – Paraná Lei 8935/89 Dispõe sobre o lançamento de efluentes em mananciais definidos como os situados à montante do ponto de captação / Estabelece a classe 2 como qualidade mínima.
Água Estadual – Paraná Decreto 5.316/74 Aprova o Regulamento da Lei n. 6.513/73, que dispõe sobre a proteção dos recursos hídricos.
Água Estadual – Pernambuco Norma Técnica CPRH – 2003 – 00 Normas para auto controle de efluentes líquidos industriais.
Água Estadual – Rio de Janeiro Deliberação CECA 1007/86 Estabelece critérios e padrões para lançamento de efluentes líquidos
Aprova a NT-202.R-10.
Água Estadual – Rio Grande do Sul Decreto 30.191/81 Classifica as Águas do Estado do Rio Grande do Sul.
Água Estadual – Rio Grande do Sul Resolução CONSEMA 128/06 Fixa novos critérios e padrões de emissão de efluentes líquidos para as fontes geradoras que lancem seus efluentes em águas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul/ Concede prazo de adequação às atividades licenciadas/ Revoga a Portaria SSMA 05/89.
Água Estadual – São Paulo Decreto 8.468/76, alterado pelo Decreto 50.753/06 Regulamenta a Lei 997/76, que dispõe sobre a política estadual do meio ambiente Classifica as águas, estabelece padrões para emissão de efluentes líquidos e atmosféricos e normas para disposição de resíduos sólidos.
Água Estadual – Minas Gerais Deliberação Normativa COPAM 10/86 Estabelece normas de classe e qualidade de cursos d’água e de efluentes.
Proíbe o lançamento de efluentes em desacordo com os padrões estabelecidos.
Solo Federal Portaria MINTER 53/79 Estabelece normas para disposição de resíduos sólidos
Proíbe a utilização do solo como destinação final de resíduos.
Solo Estadual – Minas Gerais Deliberação Normativa COPAM 7/81 Fixa normas para disposição de resíduos sólidos
Proíbe a utilização do solo como destino final de resíduos.
Solo Estadual – Paraná Lei 12.493/99 Estabelece princípios, procedimentos, normas e critérios referentes a geração, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos.
Solo Estadual – Pernambuco Decreto 23.941/02 Regulamenta a Lei nº 12.008/01, que dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos, e dá outras providências.
Solo Estadual – Rio de Janeiro Lei 4.191/03 Dispõe sobre a política estadual de resíduos sólidos.
Solo Estadual – Rio de Janeiro Deliberação CECA 3.327/94 Aprova a Diretriz de Destinação de Resíduos.
Solo Estadual – Rio Grande do Sul Lei 9.921/93 Dispõe sobre a gestão de resíduos sólidos.
Solo Estadual – São Paulo Lei 12.300/06 Institui a Política Estadual de Resíduos Sólidos.
Ar Federal Resolução CONAMA 382/06 Estabelece os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas.
Ar Estadual – Minas Gerais Deliberação Normativa COPAM 11/86 Estabelece normas e padrões para emissões de poluentes na atmosfera
Proíbe o lançamento de efluentes fora dos padrões estabelecidos.
Ar Estadual – Paraná Lei 13.806/02 Estabelece padrões de qualidade do ar/ Determina aos empreendimentos e atividades potencialmente poluidoras do ar a adoção de tecnologias, insumos e fontes de energia que evitem a geração de poluentes atmosféricos.
Ar Estadual – Rio de Janeiro Decreto 779/67 Aprova o Regulamento do Controle de Poluição Atmosférica.

 

A íntegra da maioria das legislações pode ser consultada via internet, nos sítios dos Ministérios/Agências Nacionais (legislações federais) e órgãos de controle ambiental
(legislações estaduais).

A Kurita, através da busca contínua de novas tecnologias para tratamento de água, tem no atendimento das legislações ambientais uma premissa básica para sua atuação.

Elaborado por: Camila Hubner Barcellos